sábado, 12 de março de 2011

O Vale do Jequitinhonha e As Cidades Ribeirinhas do Norte de MG

Abordagem Sociológica de uma região ''esquecida'' em MG:


Aspecto de cidade no Vale do Jequitinhonha - nota-se a pequena taxa de urbanização pela ausência de prédios e edifícios.


      
          A mesorregião do Jequitinhonha ou vale do Jequitinhonha é uma das doze mesorregiões do estado brasileiro de Minas Gerais. É formada pela união de 51 municípios agrupados em cinco microrregiões.
          O Vale do Jequitinhonha está situado no norte do estado. É uma região amplamente conhecida devido aos seus baixos indicadores sociais e também ao norte é conhecida por ter caracteristicas do sertão nordestino. Por outro lado, é detentora de exuberante beleza natural e de riqueza cultural, com traços sobreviventes da cultura indígena e da cultura negra.
          A região, que inicialmente pertenceu à Bahia (até o final do século XVIII), foi incorporada ao estado de Minas Gerais, após a descoberta de diamantes no tijuco (região de Diamantina).

          Quando considerada a divisão pelas 5 grandes regiões, esta encontra-se no Sudeste, limitando-se com a Bahia, já na região nordeste.

Região onde está localizado o Vale do Jequitinhonha (note a divisa com a Bahia)

           Com a reforma e a criação das 3 regiões socioeconômicas, que abrangem muito mais indicadores do que somente localização e divisão político - administrativo, esta região ao norte de MG fica pertencente a região nordeste e não ao centro-sul, uma vez que possui indicadores e características desta primeira citada.

Aspecto de família no Vale do Jequitinhonha - A pobreza é visível

           Embora muito pobre, a região do Vale do Jequitinhonha e as cidades ribeirinhas dessa localidade possuem uma cultura muito rica, podendo dizer até que mais rica e mais festejada que em outras regiões do estado. O artesanato se constitui como uma das principais fontes de renda para as famílias, que se organizam em cooperativas e associações de produção artesanal, cada uma entrando com o que faz de melhor. Cabe salientar que estes artesanatos são em sua maioria criados a partir de matéria - prima orgânica (natural), como vegetais, pedras, argila, dentre outros. O artesanato nessa região é conhecido (como em todo o nordeste) por sua diversidade, variedade e grande forma de expressão da identidade cultural dessa região.

Loja de artesanato regional em cidade do Vale do Jequitinhonha

Além do artesanato, é importante lembrar que a cultura desse povo tão sofrido e pobre é também baseada em manifestações artísticas como o folclore, no qual são apresentadas danças típicas, culinária regional e remontados fatos de importante historicidade para não só a região mas todo o Brasil.

Festa do Folclore em cidade do Vale do Jequitinhonha: a cultura desse povo ainda preserva festas tradicionais e alegres.

Feira de artesanato no Vale do Jequitinhonha organizada pela UFMG - MG anualmente.

O que se vê além disso, como atividade importante basilar para essa sociedade é o turismo, notado também em toda a região nordeste. Isso se dá porque nem só de pobreza é faceado o norte de minas, em especial esta região da matéria. Há belezas naturais imensas e muito mais preservadas do que em outras regiões do país devido ao pouco ou nenhum interesse econômico na região. Porém, é importante alertar para o fato da atividade mineradora próximo à região (sul da Bahia, principalmente), onde extraem-se minério, pedras preciosas dentre outros metais de valor. Os impactos ambientais já são sentidos, como queda na qualidade do ar, modificação exacerbada da configuração do relevo da região e áreas desmatadas para abertura de estradas vicinais por onde passará o transporte do material extraído.

Extração de manganês ao sul da Bahia (divisa com MG).



Gastronomia:

         A região é bastante conhecida por seu tempero excelente, com comidas típicas da região que atraem turistas de todo o país e também de várias partes do mundo que visitam o circuito  nordeste - norte de minas. Há ainda muito famosas na região a rapadura, que além de tradicional, pode ser confeccionada contendo outros sabores e também a aguardente, que é item obrigatório sua degustação pra quem visita essa região.
         Há ainda as frutas típicas tropicais, como a manga, de qualidade superior, as bananas que são inclusive vendidas a outras regiões, o pequi, tamarindo, dentre outras. A região é rica em culinária também, compondo mais uma vez o circuito de ''temperos de Minas'', sendo uma das mais famosas.

Dependência Fluvial:

          Grande parte das populações dessa região vivem de agricultura de subsistência, isto é, aquela produzida apenas para o consumo da própria família e pequeno comércio para quem não cultiva. Essa prática é realizada ao longo das regiões marginais aos rios que cortam a região, muitos deles, como o São Francisco, caudalosos o ano todo permitindo uma boa irrigação. Com isso, temos revelada a dependência dessas populações ribeirinhas com o rio, o qual ainda serve de outras fontes como abastecimento de água nas casas, irrigação, e inclusive o turismo. Bares e restaurantes com comidas típicas são instalados na orla desses rios ou lagoas que se formam e atraem turistas.

Análise Sociológica das questões Sociais da região:

          O que se vê é uma região com uma extrema desigualdade social e atraso socioeconômico em relação ao restante do estado. Essa situação pode causada pela localização da região (mais voltada ao norte) não fazendo parte do eixo desenvolvimentista do país, que está concentrado na região sudeste - sul, e também pelas próprias características da região, como clima semi-árido, extemamente quente, difícil para o desenvolvimento da agricultura em larga escala, as péssimas condições de infraestrutura e demais itens indispensáveis ao desenvolvimento regional. Outros problemas também são observados como os baixos índices de escolaridade (grande evasão por falta de condições mínimas de estudo), alto nível de mortalidade de recém-nascidos e crianças além de altas taxas de violência (onde por oportuno faço uma analogia ao coronelismo no nordeste nos tempos do império e até os dias de hoje), onde pessoas dão ordem e matam sem temor aos mecanismos de controle e coerção social, constituindo o crime, a ampliação e o desvio como outras questões sociais de relevância na região. 

           Apesar do atraso socioeconômico, o Governo do Estado de Minas Gerais tem desenvolvido, deste Aécio Neves e agora com Anastasia políticas públicas de inclusão social do norte de Minas ao próprio estado (já que podemos considerar que a região mais pertence ao nordeste que ao sudeste) e de desenvolvimento do que de bom a região oferece, com a criação por exemplo, instituída por Lei, dos circuitos turísticos do estado, dos quais três ou quatro pertecem à região norte de MG. Além disso, o Governo tem investido em políticas de melhoria educacional naquela região, tendo reduzido consideravelmente os índices de analfabetismo e evasão escolar. Programas sociais de melhoria das condições de vida e implementação de medidas de saneamento básico e infraestrutura também são observadas naquela região nos últimos anos. Antes tarde do que nunca, o governo do estado promete que a região estará, dentro de alguns anos, com melhores condições de vida, podendo finalmente ser equiparada a outras do estado.

         Enfim, uma região tão bela, com recursos naturais e cultura tão vasta não pode ficar esquecida pelas autoridades, que tem por obrigação constitucional desenvolver igualmente políticas de atendimento a todas as regiões, de modo a reduzir as disparidades sociais.

* Artigo cujo desenvolvimento teve a co-participação de Dayane Soares.


Um comentário:

  1. Se toda pobreza fosse igual a que tem no Vale do Jequitinhonha estaria bom de mais.Temos sim pobreza ,mas é como tem em todos os lugares,aqui temos muita riqueza não só cultural.
    O povo daqui é muito simpático,alegre, e respeitamos todos de todos os lugares,e como respeitamos queremos também ser respeitados.

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